Foto: https://amaerj.org.br

JOSÉ EUSTÁQUIO CARDOSO
( BRASIL – MINAS GERAIS )

Nasceu a 6 de março de 1946, em Perdões, Minas Gerais.
Aos treze anos mudou-se para o sul de Minas, onde viveu em Brasópolis e Itajubá.  Nesta cidade, cursou Contabilidade e começou a estudar Economia, curso que abandonou no terceiro ano, para estudar Direito no Rio de Janeiro.
Foi Fiscal de Rendas de Minas Gerais, exonerando-se em 1969. 
Bacharelou-se em Direito em 1973, tendo sido o orador de sua turma. Em 1974 foi aprovado em primeiro lugar no concurso para a Magistratura Fluminense.
Colaborou no semanário de Itajubá O Sul de Minas, durante os de 1967 e 1968. 
Pertence à Academia Itajubaense de Letras. 

A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...[
et al.: apresentação por Fernando Pinto.   Rio de Janeiro: Record, 1985.  224 p.                      Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília

        EFÊMERO

Será que tudo morre assim à toa?
Será que o que é bonito não perdura?
Será que tudo belo assim se escoa?
Quem mata assim da vida formosura?

Eu perguntei à rosa morta um dia se
Não chora sua pét´las feiras pó.
Disse-me ela que apenas extasia-se
Diante do belo e com ele morre. Só

       DE REPENTE

De repente, nesta mesa,
Ante o meu vagos semblantes...
Tão vagos como esse beijo
Que um dia adejou meus lábios
E, qual tênue passarinho:
Morreu ao ver o meu medo
De vê-lo morrer tão cedo.

De repente, esta saudade
Branca, sem mácula ou dor,
Sombreada apenas da cor
Da dor que, embora querida,
Deslizou como uma lágrima,
Sem chegar a ser sentida.

De repente, o olhar perdido
Numa estrada retilínea
A ver as flores pendidas
Das margens, emudecidas,
De tanto esperar, cansadas,
Que o caminheiro as colhesse.

de repente, uma tristeza
De ver que tudo passou:
Passou a dor e, ao seu lado,
No mesmo passo, o amor;
De repente, uma distância
Inexorável, tão longa...

De repente, ah! quem me dera
Volver essa estrada toda
E trilhar estrada outra
Que ao trazer-me a este instante,
Me trouxesse, ah!  quem em dera!
Mais marcado e menos triste.

De repente, o de-repente
Como era de se esperar:
Com este vazio aqui dentro
E esse vazio lá for;
De repente, dois vazios:
Um no peito, outro no mundo...

*

 VEJA e LEIA outros poetas de MINAS GERAIS em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/minas_gerais.html

Página publicada em julho de 2023